Vida Saudável
Confissões de uma 'ex' 90-100% crudívora
Por Ursula Jahara - 20 de Fevereiro de 2009.
Minha jornada dentro da alimentação viva foi postada anteriormente, e esse espaço, aqui, está sendo voltado apenas para minha confissão - minhas observações (não conclusões).
Através do Mistura Viva, minha intenção foi sempre de compartilhar artigos que nos cutuquem de alguma forma. Artigos que nos fazem questionar o que vem acontecendo ao nosso redor (nosse meio ambiente) e nosso ambiente interno (nosso corpo). Porém hoje, eu decidi compartilhar com vocês, não artigo de terceiros, mas um pouco da minha própria caminhada dentro da alimentação viva, e espero que sirva como um clique para muita gente.
Há alguns dias resolvi escrever um email para alguns amigos compartilhando um pouco -muito pouco mesmo - da minha jornada dentro da alimentação viva, durante o período que me mudei para a Califórnia - terra santa para qualquer um que queira iniciar essa jornada, afinal grandes 'gurus', restaurantes, alimentos orgânicos, produtos 'raw' (crus) já nas prateleiras dos diversos mercados voltados para a conscientização ambiental (interno/externo) e na internet, eventos, potlucks (reuniões/jantares), livros saindo pela culatra e muito mais, estão lá. A onda é...se tornar um 'raw foodist' (crudívoro). Muitos benefícios sem sombra de dúvida, mas como eu gosto de observar, cheguei a 'conclusão' de que, pelo menos nos Estados Unidos, os diversos 'gurus' dentro da alimentação viva, entraram numa 'gerra de egos'. Deixa eu ser um pouco mais clara. 'Cada' um deles chegou a mesma conclusão -alimentos crus-vivos apenas, porém cada um sugere (ou não) alimentos diferentes em seus mais diversos livros. Peraí, serei ainda mais clara.
Como os Estados Unidos é o país da 'abundância' e da competição, é possível conseguir alguns produtos - crus, como amendoas, nozes, castanha do Pará (Brazil nut) - mais barato lá do que em nosso próprio país, sementes de girassol (pronto para o consumo), sementes de linhaça dourada, sementes de gergilim, e etc, tudo em 'abundância' e com preços incompatíveis. Será que eu mencionei que todos esses, ou quase, produtos que comprava são orgânicos? Pois bem, alguns desses 'gurus' utilizam uma grande quantidade desses produtos acima mencionados em suas receitas super elaboradas, de dar inveja a qualquer 'chef' Francês. Aí entra toda a minha questão.
Em 2007, a partir de Março mais ou menos, foi o período em que me alimentei, juntamente ao meu marido (ex), basicamente (95%) de alimentos crus/vivos. Abusamos de verduras, vegetais, frutas, coco verde (importado da Tailândia - só rindo mesmo), sementes de sarraceno germinada e depois desidratada (nossa granola de 'todo' dia), e muitas sementes, amendoas, castanhas (em pastas, leites, sobremesas, x, y e z), e a maioria era orgânico - quanto mais orgânico melhor (realmente essa é minha filosofia, afinal pelo menos o terreno de nosso planeta deve ser respeitado). Oba, uma alimentação variada, com sucos centrifugados - de vegetais, enriquecida com proteínas vegetais, gorduras de excelente qualidade, cores (muitas cores), verdes (de tonalidades diversas), sabores irresistíveis, mas....nada disso foi o suficiente para manter o nosso peso. Passamos por um período um tanto complicado, e estressante, e parecia que mesmo comendo bem, algo estava errado - meu peso despencou. Muitos de vocês devem estar com um sorriso enorme no rosto, e batendo palmas e se preparando para sua mais nova 'dieta' - e uns quilinhos a menos, só que em nosso caso, não foi bem assim, afinal já eramos magros. Por que estavamos perdendo tanto peso (para mim 5kg já é uma perda de peso considerável), por que mesmo com uma alimentação - que muitos 'gurus' dizem que energiza, a mente fica mais clara, as dores desaparecem, cheios de promessa...nosso nível de estresse estava alto, e nosso peso despencando? Ficou tudo muito confuso, mas jamais pensamos em desistir. Compramos um livro, dois livros, três...dez. Como mencionei anteriormente, uns utilizavam grande quantidade de sementes, castanhas, amendoas; outros não utilizavam cereias germinados; enquanto outros utilizam pouca quantidade de frutas - principalmente as doces - pois grande quantidade de açúcar, mesmo que proveniente de frutas gera um ambiente proprício a bactérias indesejáveis, mofo interno, fungos, e etc. Se fossemos tirar o que cada um deles é 'contra', provavelmente estariamos nos alimentando apenas de - água. Enfim, uma batalha de informações que faz com que nós, leigos, entremos em parafuso.
Sim, 2007 e 2008 foi um momento de muita mudança para mim - falecimento de minha mãe no final de 2006, aguardando minha residência nos Estados Unidos, e alguns outros pontos, mesclados com muitos momentos de prazer também, afinal moramos a 10 min da praia de Carlsbad - sugestão para quem quer visitar a costa Californiana! -, abençoadas práticas de Yoga, rodando restaurantes com alimentação viva, trabalhamos no Raw Spirit Festival no Sedona, Arizona,
Enfim, toda essa introdução para chegar a um único ponto, o email que enviei a alguns amigos, foi o seguinte:
Companheiros de jornada,
vou compartilhar algo com vocês, ok.
hoje eu estava em Ipanema e vi a Gabriela Alves - exatamente - filha da Tânia Alves, num restaurante natural. Quando ela saiu - me assustei, pois eu sei q ela vem coordenando cursos de alimentacao viva, e a cozinha do Spa Maria Bonita que é dela e da mãe. E aí entra a minha pergunta que NÃO quer calar!!!
O que acontece com tanta perda de peso?? Abaixo um artigo postado no Portal Caras - nao, eu não leio Caras, mas fui buscar algo no Google sobre a Gabriela, exatamente por ter me assustado com o que vi hoje.
http://www.caras.com.br/edicoes/705/textos/1800/
Parte da entrevista: "... Hoje, estou mais magra do que devia, por conta de uma temporada de cinco anos em São Paulo, de muita correria no trabalho e pouca qualidade de vida. Mas não estou anoréxica! Como bem e minha saúde está ok, com todos exames em dia", ressalta Gabriela, atualmente com 45 quilos em 1m64."
O que exatamete acontece com nossos corpos?? Se nos nutrimos de tanta saúde vinda dos alimentos orgânicos, crus, com tanta vitalidade e etc... pq ficamos, de certa forma, 'enfraquecidos'?? Estou generalizando, mas é para mostrar que isso não apenas acontece com a Gabriela. Quando eu trabalhei no Raw Spirit Festival (evento de alimentação viva - respeito ao Planeta e nosso corpo) - em Sedona, Arizona - fiquei um tanto assutada com algumas pessoas que são tidas como 'gurus' nesse 'ramo'. Assim como outras, como a Victoria Bontenko (que é o oposto da magreza), que me passa FALTA de saúde. Não julgo ninguém - outros ou eu mesma -, mas SIM, eu OBSERVO!
Essa semana, resolvi frequentar o Nirvana - um Yoga Studio (amo muito tudo isso) - aqui na Gavea, no Rio, e no cardápio do restaurante - orgânico - deles vinha dizendo: Dizem que você é aquilo que come. Mas, na verdade, voce é muito mais: é o que lê, pensa, faz e cada decisão que toma.
E realmente - isso tudo forma o nosso corpo - isso tudo é o nosso alimento. Mais do que nunca - olhando pra mim mesma - vejo que a alimentação (ingerida) não é a única vilã ou amiga. Acredito piamente que o emocional e o movimento corporal interferem muito mais do que o alimento ingerido (falo de alimento, e não de produtos industrializados = junk food). Sinto na minha pele e osso, que mesmo permanecendo no cru por um bom tempo, e há alguns meses que não estou mais 100%, meu corpo simplesmente secou - dos 55kg, bem destribuidos, para os 50kg que hoje peso (altura 1,67). Se eu gosto?? Não, eu não gosto! Não
gosto de me olhar no espelho e ver que ali está faltando - força e vitalidade. Não gosto de ver o rosto chupado, as pernas magras, e etc. Na busca de uma alimentação 'perfeita', eu me tornei - "imperfeita".
E aqui digo: o emocional e o sedentarismo (falta de estimulo muscular), eles mesmos - os grandes vilões.
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Quero deixar bem claro que esse meu email NÃO SIGNIFICA que eu não acredite na alimentação crua-viva, pelo contrário, acredito (e amo) muito. Mas o foco aqui foi mostrar que SOZINHA ela não faz milagres. E que por mais que seja 'crua-viva', é importante que saibamos identificar quando o corpo está bem, ou não - no meu caso a perda de peso foi um sinal não agradável. Bater numa única tecla, mesmo enxergando que algo está deficiente no corpo (físico, mental e espiritual), não é realmente enxergar.
Discernimento acima de tudo. Afinal, estamos todos de passagem nesse planeta; somos todos aprendizes.
Estarei postando em breve um artigo (discutido) por Frederic Patenaude - crudivoro, Canadense, autor do livro 'The Raw Secrets', entre outros - postado por ele em 16/02/2009.
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Leia meu novo depoimento postado em 10/Ago/09:
'RE-Conectando com a Alimentação Viva'
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