Vida Saudável
Alimentador? Não, obrigada, meu bebê não precisa. Saiba por quê.
Bom dia pessoal!
Cada época da nossa vida profissonal nos encantamos com algum assunto em especial. No meu top 5 atual de interesses e estudos, as dificuldades alimentares das crianças estão praticamente no topo. Muita coisa pra ler, estudar, aplicar.
Para esclarecer: dificuldade alimentar é aquela célebre criança "que não come". Já dizia a frase "todo mundo é parecido, quando sente dor". E se esse todo mundo for uma mãe (ou um pai), leve a sério essa dor. A dor de uma mãe cuja criança não come é grande. Olhando a sangue frio, comparando com tantas patologias que existem no mundo, parece bobeira. Não é. Tira o sono, atrapalha a dinâmica familiar. Se o filho está doente, estamos preocupadas. Se ele está doente e não come, então, sai de baixo. Alguém aí concorda?
Estou mergulhada nesse assunto agora. E, como uma "patologia", o melhor caminho sempre é prevenir. Vamos lá, profissionais da área da saúde, nos unir contra esse problema!
Aí, no mundo da maternagem, deparei com o Alimentador. Já falei dele em alguns grupos do facebook, já coloquei minha posição. Agora, é a oportunidade de explanar mais o produto e o porquê da sua contraindicação, na minha humilde opinião.
Assisti há pouco tempo, no Simpósio de Dificuldades Alimentares, uma palestra da nutricionista americana bam-bam-bam no assunto, Kim Milano. Além de diversas informações, ela mencionou dado que nós, nutricionista, sabemos na intuição. A criança não tem aversão só a sabor. Tem aversão a textura. Na verdade, a maioria das crianças pequenas (bebês em idade de alimentação complementar) tem aversão a textura. Por isso indicamos tanto o alimento em pedaços, para que a criança se adapte e conheça desde sempre. E não digo em pequenos pedacinhos na papinha, mas, por exemplo, floretes de brócolis para a criança pegar com a mão e testar todos os sentidos na experimentação do alimentos. Lembra desse post aqui, dos bebês comendo sozinhos?
Fui ler um pouco. E trouxe aqui, algumas conclusões de estudos:
- A literatura sugere que, caso os alimentos sólidos, que requerem mastigação, não sejam introduzidos entre os seis-sete meses, as crianças tenderão a resistir a aceitá-los posteriormente .
- A não evolução da aceitação de diferentes consistências e texturas pode contribuir para a manutenção de padrões orais imaturos, na medida em que não oferece experiências sensório-motoras para a adaptação a novos padrões de sucção, mastigação e deglutição.
- Crianças que "não comem" tem, estatísticamente a preferência marcante por líquidos, que são de mais fácil aceitação, incluindo leite e derivados, sucos, alimentos liquefeitos e papas.
Portanto, a premissa seria introduzir esses alimentos de forma que a criança conheça uma textura diferenciada para que facilite estimule seus sentidos e facilite sua aceitação, hoje e sempre..
Aí entra o alimentador. Um objeto em que você coloca o alimento ali dentro, geralmente uma fruta, para a criança não tem contato com a textura do alimento, evitando assim, engasgos.
Aí, alguém vai me dizer: mas Karine, a criança sente o sabor.
Mas uma alimentação bacana compreende mais que o sabor. O aroma, a textura. No caso dos bebês, o tato. Diminuímos toda a experiência que o bebê teria com o alimento. Reduzimos a uma sensação de plástico na boca, com sabores diferentes. Vale a pena?
Uma querida amiga minha, ativista e conhecedora profunda da maternagem escreveu uma vez: imaginem crianças de 5 anos ou adultos que só comem assim. Parece exagero, mas não é. Se formos limadas de todo esse contexto, quando iniciamos a alimentação complementar, como aprenderemos a lidar com eles?
Confie no seu bebê, apresente desafios a ele. Corte uma laranja pela metade, sirva. Cozinhe legumes, sirva. Fique por perto para auxiliar o seu bebê, fique de olho. Mas não o prive dessa maneira simplória, de toda essa experiência de sentir pedaços, gomos, texturas.
Resumindo, esse é mais um objeto que você não precisa ter.
Mais uma informação: criança que não come em casa? Vale a pena uma visita a sua nutricionista para falar desse tema!
Referência bibliograficas:
Skuse, D. Feeding and sleeping disorders. In M. Rutter, E. Taylor, & L. Hersov (Orgs.), Child and adolescent psychiatry: modern approaches (3a ed.; pp. 467-489), Oxford: Blackwell, 1994.Ramalho,V.L.M. et al. Uma intervenção cognitivo-comportamental com uma criança com dificuldades alimentares: Pedro descobriu que gostava de comer .Estudos de Psicologia, 13(3), 195-201 , 2008.
Drent, L.V; PINTO, E. A.L.C. Problemas de alimentação em crianças com doença do refluxo gastroesofágico. Pró-Fono R. Atual. Cient., Barueri, v. 19, n. 1, Apr. 2007
Wright CM, Parkinson KN, Shipton D, Drewett RF. How do toddler eating problems relate to their eating behavior, food preferences, and growth? Pediatrics. [Research Support, Non-U.S. Gov’t]. 2007 .
Almeida C.A.N. et al. Dificuldades alimentares na infância: revisão da literatura com foco nas repercurssões à saúde. ED de Mello, Pediatr. mod,p 340-348, 2012 .
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