A bolsa Chanel que eu não comprei
Vida Saudável

A bolsa Chanel que eu não comprei


A Malásia é um país barato. Restaurantes, supermercados e farmácias vendem produtos bons e em conta. Existem marcas de luxo e shoppings caríssimos, é verdade, mas o custo de vida do dia a dia é mais baixo do que o do Brasil.

E, talvez por ser tão próximo à China (desculpa aí, China!), na Malásia tem muita mercadoria falsificada. Feiras imensas, organizadas, à luz do dia, vendem óculos Ray Ban, relógios Rolex e bolsas Prada de procedência desconhecida.

Eu não sou fã de falsificações. Uma coisa é a fábrica "se inspirar" num design bacana e fazer uns produtos parecidos, tipo uma bolsa Prado. (Não vou discutir aqui a questão da criatividade e da mania que muitas marcas brasileiras caras têm de "se inspirar" totalmente em designs estrangeiros, mas sem dar o crédito e mantendo os preços altos, embora economizem muitíssimo por não investir em criação, só em copiação.) Outra coisa são os produtos contrafeitos, que querem se passar pelo que não são, e geralmente estão ligados ao crime organizado e à exploração trabalhista.

Fomos passear em Chinatown de Kuala Lumpur. Nas barracas, de enguias a sapos, de ímãs a bolsas Louis Vuitton.


Só que nada tinha preço. Eu fiquei curiosíssima pra saber quanto os troços custavam. Eu explico: há uns anos, ambicionei seriamente uma bolsa Chanel 2.55. Após alguma reflexão, desisti da aquisição porque 1) custa uns milhares de dólares, 2) é uma bolsa de gente rica, e eu não sou rica. Só de amor. Hoje, então, que estou me concentrando naquilo que realmente é importante, itens de grife não me seduzem mesmo.

Aí parei em uma barraquinha, expliquei para o vendedor que era só curiosidade minha, e perguntei o preço da Chanel 2.55. Ele tirou a bolsa do estande e foi me mostrar. Acho que era até bem feitinha, com vários detalhes internos, mas o material era plástico, não pelica, óbvio. E custava 110 myr, o que é menos de 40 euros. A bolsa original deve custar umas 40 vezes mais.

Agradeci e dei um passo para ir embora. Ele disse que fazia por 90. Agradeci de novo e fui saindo. Ele gritou que fazia por 60. 15 euros, gente! 40 e poucos reais!

Quer saber? Não fiquei nem um pouquinho tentada. Se já acho exibir marca um negócio meio cafona, imagina exibir marca sem ter a qualidade correspondente por trás. É tudo do que o minimalismo quer se livrar: se preocupar demais com a aparência, comprar produto de baixa qualidade, consumir para impressionar os outros.

O vendedor ficou falando sozinho.

PS: este não é um post "olhem como sou superior". Sabem o reloginho que eu comprei por 4 euros? Escolhi porque eu não conhecia a marca, então achei que fosse tipo a bolsa Prado ou os óculos Rei Ben. Pois bem: é uma tal de Ice, e ontem descobri na internet essa marca existe e é até bem conhecida. Pelo preço, obviamente é uma falsificação. Sou boba igual todo mundo.

Mas o Leo disse para eu não me preocupar. Ele acha que o relógio mal vai durar até o fim da viagem.



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