A origem da obesidade é complexa e multifatorial, visto que resulta da interação ambiental, estilo de vida, fatores emocionais e genéticos, alta ingestão calórica, redução da prática de atividades físicas e idade. O sobrepeso e a obesidade predispõem o indivíduo a doenças e outros problemas de saúde, tais como hipertensão, dislipidemia, diabetes mellitus tipo 2, doenças coronarianas, acidente vascular cerebral, disfunção da vesícula biliar, osteoartrite, apnéia do sono, problemas respiratórios e alguns tipos de câncer.
Desta forma, desde que a obesidade vem sendo tratada como doença e, mais recentemente, como epidemia, diversas alternativas vêm sendo estudadas a fim de auxiliar na manutenção da perda de peso.
Estudos publicados na revista Nature mostraram que o desnível das bactérias presentes em nossa flora intestinal pode ocasionar processos inflamatórios, que são estágios precedentes a obesidade. O desequilíbrio dos microrganismos presentes no trato gastrointestinal causa a inibição de proteínas responsáveis pela proteção das paredes intestinais, permitindo que as bactérias que habitam essa região atravessem a parede intestinal, caiam na corrente sanguínea e estimulem a produção de substâncias inflamatórias que inibem a assimilação da insulina pelo organismo. Isso gera um bloqueio desse hormônio responsável pelo transporte da glicose para as células, principalmente localizadas na região abdominal, diminuindo o metabolismo da área e contribuindo para o aumento de peso corporal e acúmulo de gordura. Sendo assim, se a ingestão alimentar entre dois indivíduos for idêntica e sua microbiota intestinal diferir entre si, a absorção dos nutrientes será facilitada naquele indivíduo cuja microbiota intestinal for mais eficaz na extração energética.
Alguns alimentos, como os probióticos, podem ajudar na regulação dos microrganismos presentes no nosso trato gastrointestinal. Os probióticos são microrganismos vivos que proporcionam benefícios à saúde do consumidor, contribuindo para o equilíbrio da microbiota intestinal. Essas bactérias benéficas são encontradas em produtos lácteos, como leites fermentados e iogurtes.
Outros alimentos que ajudam na perda de peso são o feijão e a soja, sendo o primeiro mais consumido que o segundo pela população brasileira. Eles são ricos em nutrientes, já que contêm proteínas vegetais, carboidratos complexos, fibras dietéticas, fitoquímicos e minerais. Em contrapartida, contêm baixo teor de gordura saturada e sódio, além de não conterem colesterol. A ingestão de fibras é essencial em dietas de emagrecimento, pois amenizam o ganho de peso corporal, contribuem para a manutenção do nível glicêmico e para a melhora da sensibilidade à insulina, fatores relevantes na prevenção e tratamento de diabetes e obesidade.
Além das fibras, o feijão e a soja também são fontes de proteínas, que parecem exercer maior efeito sobre a saciedade do que os carboidratos e gorduras. No entanto, o consumo excessivo de proteína deve ser evitado, pois pode desencadear doenças renais, especialmente em indivíduos obesos, já propensos ao desenvolvimento do problema.
Outra opção é o chá verde, conhecido por conter catequinas, que apresentam propriedades antioxidantes, anticâncer e antiobesidade. Um estudo publicado na revista British Journal of Nutrition demonstrou que a adição de inulina, prebiótico que beneficia o metabolismo lipídico, ao chá verde é benéfica para o controle de peso, com redução de peso corporal total e de massa gorda, em indivíduos com sobrepeso. Esses efeitos benéficos podem justificar a sua utilização como estratégia para o controle do peso corporal em populações com sobrepeso, a fim de evitar o surgimento de doenças cardiovasculares e metabólicas.
Assim, o consumo de tais alimentos parece ser favorável na promoção da saúde, redução de peso e prevenção da obesidade, desde que associados a bons hábitos alimentares e exercícios físicos regulares. É importante enfatizar que estes alimentos devem ser consumidos com moderação dentro de uma dieta balanceada e que sua preparação não deve conter alimentos ricos em gordura saturada, que aumentam o valor calórico e predispõem às doenças cardiovasculares.
Referências bibliográficas:
Turnbaugh PJ, Ley RE, Mahowald MA, Magrini V, Mardis ER, Gordon JI. An obesity-associated gut microbiome with increased capacity for energy harvest. Nature. 2006;444(7122):1027-31.
Yang HY, Yang SC, Chao JC, Chen JR. Beneficial effects of catechin-rich green tea and inulin on the body composition of overweight adults. Br J Nutr. 2011 Oct 28:1-6.
Jéssica Fernanda Scatolin Russo
Graduanda em Ciências dos Alimentos (ESALQ-USP)
Sob orientação da Profª. Drª. Jocelem Mastrodi Salgado
loading...
Início de ano, para muitos, é sinônimo de começo de dieta. Emagrecer, afinal, está quase sempre entre as grandes metas de réveillon. Isso faz com que alguns alimentos que prometem facilitar esse objetivo sejam mais procurados. A chia é um deles....
Laxantes não são uma escolha adequada para perda de peso. Na verdade, apesar de muitas pessoas recorrerem a laxantes para perder peso rápido, é uma verdadeira afronta a inteligência e à saúde humana. O uso de laxantes para perder peso está...
O que são Probióticos e Prebióticos? Dentro da Ciência da Nutrição, sempre há novidades sobre a alimentação .Felizmente, cada vez mais se descobrem alimentos que desempenham funções benéficas ao organismo humano, como prevenção de doenças,...
O café é a segunda bebida mais consumida no mundo, após a água. Seu aroma agradável, sabor e a coloração marrom/preta são frutos de diversas modificações químicas proporcionadas pelo processo de torragem. A torragem é aplicada ao café verde...
A hipertensão arterial, caracterizada pela elevada pressão sanguínea, é considerada um dos graves problemas na saúde pública no Brasil e ainda um dos principais riscos para as doenças cardiovasculares e acidentes vasculares cerebrais. Dados...