A compulsão alimentar caracteriza-se pela ingestão exagerada de alimentos, mesmo quando não se tem fome, sentindo necessidade de comer sempre e na maioria das vezes não respeitando os intervalos entre as refeições. Nestes casos, a pessoa consegue devorar quantidades grandes de alimentos em períodos de tempo curtos, sem ao menos se preocupar com o sabor destes alimentos. Vale ressaltar também que as pessoas com compulsão alimentar não ingerem apenas alimentos gordurosos ou pesados, mas qualquer tipo de alimento em grandes quantidades. Geralmente este problema está intimamente relacionado à problemas emocionais, como por exemplo a quadros de depressão e ansiedade.
Especialistas apontam que alguns pacientes chegam a comer alimentos crus ou congelados, e isso acontece não por prazer, mas por descontrole. E, num prazo curto de 2 horas, essa ingestão pode chegar a 15 mil calorias, sendo que um adulto normal precisa em média de 2 mil calorias por dia para viver.
Como podemos perceber a compulsão alimentar é totalmente diferente de sentir fome. A fome é o nome que se dá a uma sensação fisiológica que temos quando o nosso corpo necessita dos alimentos, neste caso, nosso corpo realmente necessita dos alimentos para manter as funções corporais.
Algumas pessoas podem confundir a compulsão alimentar com a fome, porém, é sempre importante lembrar que a compulsão alimentar, como relatado acima é um distúrbio que merece todo cuidado e atenção, uma vez que pessoas que sofrem deste distúrbio comem de forma compulsória e não possuem limites na sua alimentação.
Ninguém está livre de, de vez em quando, exagerar na comida. Às vezes porque estamos nervosos ou ansiosos, as mulheres quando estão na TPM, quando estamos em alguma festa com os amigos ou em um churrasco por exemplo. Mas os pacientes deste distúrbio possuem além do descontrole por comida, outros sintomas: Comer exageradamente e rápido demais, pouca mastigação; arrependimento e tristeza após os rompantes; falta de preocupação com o aumento de peso; constrangimento social e o prazer imensurável ao comer.
Alimentos que ajudam a controlar a compulsão alimentar:
A alimentação já é comprovadamente um forte aliado à prevenção de diversas doenças. A sua relação com a compulsão alimentar não é diferente. Diversos alimentos podem auxiliar o paciente compulsivo, fornecendo ao mesmo uma sensação de bem-estar e também de saciedade.
Dentre estes alimentos, podemos destacar:
Alimentos ricos em carboidratos: são macronutrientes essenciais para o desenvolvimento do corpo e disponibilização de energia para realização de atividades. O consumo de alimentos ricos em carboidratos durante as crises de ansiedade amenizam esses sintomas, pois quando ingeridos, elevam a taxa de glicose sanguínea, gerando sensação de bem-estar e dando maior disposição. Mas atenção, de preferência para os carboidratos presentes nas frutas e cereais integrais, além de serem mais saudáveis são de fácil absorção e utilização pelo organismo.
Alimentos ricos em triptofano: O triptofano é um aminoácido essencial, ou seja, não é produzido pelo corpo humano e deve ser obtido através da alimentação. Os alimentos que apresentam proteínas completas (aminoácidos essenciais em quantidades adequadas para o desenvolvimento do corpo) contém em sua composição o triptofano. Dentre estes alimentos podemos destacar carne, leite e ovos. Este aminoácido é um dos precursores utilizados pelo corpo para produção do neurotransmissor serotonina. Os níveis de liberação desse hormônio no cérebro estão diretamente ligados com a ingestão dos alimentos ricos nesse aminoácido, uma vez no cérebro o triptofano aumenta a produção do neurotransmissor ocasionando a sensação de bem estar.
Alimentos ricos em vitamina C: conhecida também como ácido ascórbico é uma vitamina hidrossolúvel (solúvel em água) a qual são atribuídos múltiplos efeitos benéficos à saúde. O consumo de vitamina C diminui os níveis de cortisol no organismo, hormônio responsável pela distribuição dos sinais de estresse pelo corpo nos momentos de ansiedade. Por isso o consumo de alimentos ricos nesses micronutrientes promovem a saúde do sistema nervoso e aumento da qualidade de vida. Abuse principalmente no consumo das frutas cítricas, como a acerola, abacaxi, laranja, limão, e alguns vegetais como os tomates e pimentões. Lembrando que para o melhor aproveitamento da vitamina C, devem-se consumir os alimentos frescos e de preferência crus, pois o calor degrada esse composto.
Alimentos ricos em vitamina B6 (piridoxina) e vitamina B9 (ácido fólico): essas vitaminas podem ser determinantes na síntese da serotonina pelo corpo humano. Pesquisas mostraram que a carência das vitaminas B6 e ácido fólico na dieta influencia diretamente sobre o humor. Sendo assim, a suplementação de alimentos ricos nessas vitaminas pode ajudar a driblar os sintomas da ansiedade auxiliando na produção e liberação de serotonina, o hormônio da felicidade. Acrescente na dieta alimentos como carnes vermelhas (fígado bovino é uma excelente fonte tanto de vitamina B6 como de vitamina B9) e frango, grãos integrais, feijão e leite.
Cúrcuma: também conhecida, por gengibre dourado, açafrão da terra ou açafrão da Índia, é uma planta de pequeno porte que mede aproximadamente 1 m, amplamente cultivada nos países asiáticos. É utilizada há séculos como alimento na forma de especiaria (obtido pelos rizomas seco e moído), devido ao seu forte sabor e à sua coloração amarelada marcante. Pesquisas apontam que o condimento cúrcuma atua no organismo aumentando a disponibilidade de alguns neurotransmissores, tais como a serotonina. Ao modular esses biossinalizadores a cúrcuma poderia reduzir os níveis da enzima Monoamina Oxidase, a qual é responsável pela diminuição da disponibilidade de serotonina. Isto é, está envolvida na regulação de temperatura, indução do sono e regulação dos níveis de humor. Estes resultados podem ser obtidos acrescentando 1 colher de chá deste condimento na alimentação diária.
Patrícia Bachiega
Farmacêutica-UFMT
Doutoranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos
Sob orientação: Profª. Drª. Jocelem Mastrodi Salgado
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