Desapegar de mágoas e rancores
Vida Saudável

Desapegar de mágoas e rancores


Dia desses vi uma cena de filme na televisão na qual duas irmãs, velhinhas, se queixavam de mágoas e rancores da infância. Não, elas não tinham sido maltratadas ou negligenciadas. Quase sessenta anos depois, elas se lembravam com amargura de não terem tido um vestido bonito para a festa da amiguinha e que a mãe as obrigara a comer um prato de que elas não gostavam.

Tive um flash de reconhecimento: de vez em quando, eu me junto com minhas irmãs para resmungar do passado. E olha, vendo de fora, não é bonito.

Não estou dizendo que a gente não sofre quando é criança. Estou dizendo que, quando nos tornamos adultos, podemos mandar nas nossas próprias vidas e deixar de dar tanta importância a fatos ocorridos há tanto tempo.

O que achei chocante no filme é que, mesmo com décadas nas costas, as duas irmãs não tivessem conseguido criar lembranças boas para substituir - ou pelo menos diluir - as ruins. Tem uma terceira irmã na história: ao contrário das outras, ela saiu de casa cedo, trabalhou, viajou - e a gente não a vê reclamando do passado.

Acho que é importante, sim, a pessoa reconhecer as dificuldade e mágoas que vivenciou. Mas, depois de um tempo, em vez de se agarrar a elas e ficar remoendo, a gente podia deixá-las ir. Aí abrimos espaço para lembranças novas - e boas!

* * *

Falar é bonito, mas como é que faz?

Segundo meus livros sobre a felicidade, tão importante quanto o que aconteceu com a gente é como contamos nossa própria história. Quem teve vários empregos diferentes, por exemplo, pode se ver como uma pessoa feliz que explorou vários interesses - ou como um fracassado que não chegou a presidente da empresa. As pessoas deprimidas tendem a se lembrar de suas vidas como uma sucessão de insucessos - enquanto a galera otimista foca no que deu certo.

Então, a gente pode tentar colocar as coisas em perspectiva.



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