Vida Saudável
Verde, branca, vermelha e preta: Pimenta do reino e seus benefícios à saúde
A pimenta do reino (Piper nigrum. L) é originaria das áreas costais da Índia, porém, seu cultivo se estende a outras áreas tropicais e subtropicais do globo. Segundo dados da FAO, o Brasil é o quarto maior produtor de pimenta do reino, atrás somente da Índia, Indonésia e Vietnã. O gênero Piper é constituído por cerca de 2000 espécies, sendo muitas delas comumente empregadas no mundo como especiarias, aditivos alimentares e condimentos. Adicionalmente, são considerados importantes ingredientes medicinais, principalmente nos países asiáticos.
As pimentas branca, verde e preta são os principais tipos de pimenta do reino existentes nos supermercados. Todos esses grãos de pimenta são procedentes da mesma espécie
P. nigrum, porém distintos segundo período de colheita e processamento empregado.
Além destes três tipos de pimenta do reino, existe um quarto tipo, porém de comercialização mais rara. Devido a sua coloração avermelhada o fruto é muitas vezes confundido com a pimenta rosa, no entanto, fique atento, a pimenta rosa, Schinus terebinthifolius, é fruto da Aroeira.
Pimenta do Reino | Estágio de Maturação | Processamento | Forma de comercialização |
Verde | Imaturo | - | Seca, liofilizada e em salmoura |
Preta | Imaturo | Tratamento térmico- enzimas escurecimento | Seca |
Branca | Maduro | Descascamento | Seca |
Vermelha | Maduro | - | Salmoura |
A pimenta preta, também conhecida como “king of spices” (rainha das especiarias) é a especiaria mais importante e comercializada do mundo. Seu aroma e sabor acre, pungente e picante é muito apreciado, tornando-a ingrediente de diversas preparações culinárias, perfumaria, formulações medicinais e até mesmo para cuidados estéticos.
Os grãos de pimenta do reino são ricos em vitamina A e K, contém fibras dietéticas, β-caroteno (vitamina A), cálcio, magnésio, potássio, manganês e fósforo. A pimenta ainda é rica em antioxidantes.
Além de conferir o sabor pungente às pimentas do reino, a piperina também presente no gengibre (Zingiber officinale) é o principal alcaloide e composto bioativo presente nos grãos de pimenta do reino. Após seu descobrimento, numerosos estudos têm focado em investigar suas propriedades farmacológicas. E desde então, a pimenta do reino ou seu princípio ativo, tem demonstrado experimentalmente, em diversas pesquisas independentes, conter múltiplos efeitos fisiológicos de interesse a saúde humana.
Na medicina tradicional a pimenta do reino é utilizada para desordens digestivas, problemas gástricos, diarreia e indigestão. Estudos têm demonstrado que, de fato, o consumo de pimenta do reino está associado ao estímulo de enzimas digestivas da cavidade oral, pâncreas, fígado e intestino, bem como a secreção de ácidos biliares. Adicionalmente a ingestão deste condimento aumenta o tempo de trânsito intestinal e, por consequência, a absorção de aminoácidos. Propriedades antidiarreicas também foram observadas. Diversos trabalhos têm também apontado que a pimenta do reino é capaz de aumentar a disponibilidade de alguns medicamentos e de nutrientes como a vitamina A e o selênio. Cita-se ainda atividade antimicrobiana, benefícios a desordens respiratórias como bronquite e asma, ação termogênica, anti-inflamatória, antipirética (controla febre), analgésica, antitumoral, anticancerígena, hepatoprotetiva (protege o fígado), dentre outras.
Mais recentemente, a pimenta do reino vem chamando atenção por suas propriedades sobre a degeneração neuronal. Trabalhos tem demonstrado que a piperina, principal alcaloide encontrado na pimenta do reino, é capaz de aprimorar as funções cognitivas, reduzir o estresse oxidativo e os processos inflamatórios associados ao Mal de Alzheimer e Parkinson.
Poucos trabalhos têm discutido sobre qual tipo de pimenta do reino, branca, verde ou preta é a mais indicada para cada benefício à saúde. Algumas pesquisas apontaram que a pimenta verde é a que detêm maiores teores de piperina.
No entanto, uma pesquisa realizada na Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"/Universidade de São Paulo sobre minha orientação, ao avaliar o potencial das pimentas do reino (preta, verde e branca) concluiu que a pimenta preta é a mais indicada em relação à doença de Alzheimer. Isso demonstra que nem sempre a piperina é o único fator envolvido, sendo necessários mais estudos para determinar qual pimenta verde, branca e preta é a mais indicada.
Com tantos benefícios e opções de pimenta do reino para condimentar as refeições do dia-a-dia, fica fácil agregar mais sabor, aroma e saúde a nossas vidas. Consuma pimenta do reino, seja ela verde, branca, preta ou mistura entre elas, dando sempre preferência ao frescor de moê-las previamente ao consumo.
Fúvia de Oliveira BiazottoBacharel e Licenciada em Ciências Biológicas (ESALQ/USP)Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos (ESALQ/USP)Sob orientação: Profª Drª Jocelem Mastrodi Salgado
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