Orelha de Padre, Mangalô ou Lab Lab
Vida Saudável

Orelha de Padre, Mangalô ou Lab Lab


De tempos em tempos eu cismo em plantar um certo tipo de plantas. Já plantei milhos coloridos, diferentes tipos de batata, abóboras. Mas um dos que eu mais gosto de plantar e que sempre me surpreende é o feijão Lab Lab. 

Flores se formando, Junho/13.
Ele é conhecido no Brasil com três nomes: orelha-de-padre, feijão mangalô ou lablab. Orelha de padre deve ser porque as vagens são curvas e claras, igual a orelha de um senhorzinho padre. Mas eu tenho pavor de comida com nome de partes de corpo, de bicho e de gente. Então, gosto de lablab, que é seu nome científico. Antes, Lablab purpureous. Agora, com a revisão dos gêneros, Dolichos lablab. Pronúncias: "do-li-cos-labi-labi".

De especial, ele tem uma característica marcante de cultivo: cresce rápido, produz muito e fica enooorme. Nos EUA, ele é chamado de Hiacynth Bean e é usado para cobrir cercas, treliças e enfeitar varandas. É uma trepadeira muito rústica, com flores roxas e vagens roxas - na variedade Ruby Moon.

Variedade Ruby Moon, não comestível. Foto daqui.
Aqui no Brasil, deve ter vindo trazido por imigrantes - é muito comum na Ásia e África, e muito consumido por lá. Aqui o consumo é mais raro, porque é um feijão menos conhecido.

Nos bairros orientais, encontro a variedade branca à venda. Em Dublin, a variedade de grãos vermelhos e a de grãos pretos eu via nas lojas africanas, especialmente da Nigéria.

Variedades caramelo, marrom e branca.
As três variedades mais difundidas são a Marrom (Rongai), Branca (Koala) e Preta (High Worth). Cada uma tem suas características específicas. Como peculiaridades, a Preta possui flores roxas, vagens compridas e é bem grande. A Branca possui sementes maiores, vagens bicolores com forte aroma e flores brancas e a planta é pequena. A variedade Marrom possui crescimento bem ramificado, sementes médias, vagens macias, flores brancas e não tolera frio.

Variedade de grãos pretos.
Uma coisa eu sei: quem tem uns pés de lablab crescendo na cerca não vai ficar sem comida por um bom tempo. As vagens são comestíveis até 15 dias depois da polinização. Cozidas, gostosas e suculentas como as ervilhas de vagem torta. Depois de umas 3 semanas, as vagens tem feijões grandões dentro delas, que podem ser usados como feijões  verdes. 

Mais uma vez, ficam deliciosas quando cozidas e usadas em saladas e vinagretes, ou ainda no lugar de ervilhas. Mais uns dias e as sementes estarão imaturas, mas ficando escuras e inchadas. 


Folhas e flores da variedade Branca.

Nessa fase, a vagem começa a ficar transparente, e os feijões já coloridos podem ser consumidos cozidos. Por fim, quando a vagem seca, devem ser debulhadas, os feijões deixados para secar na sombra. 

Das folhas, está registrado que são consumidas cozidas, como espinafre. Experimentei e achei um tanto fibrosas, mas já estavam velhas. O sabor é um pouco amargo e lembra vagem cozida. Mas comestíveis desde que bem fervidas. Ricas em ferro, magnésio, e boa fonte de fósforo, zinco, cobre e tiamina. 

O único problema desse feijão é que cada variedade produz quantidades diferentes de toxinas. Como os outros feijões que comemos, esse também é tóxico enquanto cru. Porém, um pouco mais tóxico. Deve ser SEMPRE deixado de molho por 12 horas, para que as toxinas saiam um pouco. Depois, a água deve ser descartada e ele cozido em nova água. 


Dos feijões, pode ser feito tofu. A raíz produz um rizoma grosso e rico em amido que pode ser usado cozido ou extraída farinha. Como tenho pouco espaço e realmente gosto dos feijões, nunca tentei colher nem usar a raíz - se você já viu, me conte.

A planta é excelente fixadora de nitrogenio e vai adubar seu solo. Gosta de cercas e pode subir em árvores. Contudo, é fracamente invasiva, então sem preocupações a respeito de ela matar árvores ou encobrir casas.

De clima, ela vai bem em climas quentes, algumas variedades sendo tolerantes a frio. Contudo, em geral, recomenda-se plantar de Agosto a Dezembro, estendendo a colheita até Maio.

Quanto a solos, é pouquíssimo exigente: tolera amplas faixas de PH, tolera solos salinos (embora fique com folhas amareladas), tolera solos arenosos e solos com muita argila. Apenas não vai bem em solos encharcados.

Flores brancas e com perfume suave.
Vagens pequenas, em formação.
Vagens bicolores da variedade Branca: aromáticas

GUIA DE IDENTIFICAÇÃO
Folhas verdes, cada um com três folíolos, de 3 a 6 centímetros de comprimento, em forma de triângulo oval. Flores iguais as do feijão-comum, em cores variadas, mas na maior parte roxas e brancas, por vezes lilases ou rosadas. Flores arranjadas em grupos, partindo de uma haste principal. Em algumas variedades, hastes compridas, em outra, hastes axilares de comprimento reduzido. Feijões ovais, muito duros, com uma listra branca característica no meio. Algumas variedades, as vagens são resinosas e com aroma forte de coentro. Plantas de 4 a 10 metros. 

LOCAL DE OCORRÊNCIA
Gosta de pleno sol, solo nunca muito úmido, não vai tolerar sombra. 

MODO DE PREPARAÇÃO
Folhas jovens cruas ou cozidas, vagens jovens comestíveis inteiras cozidas. Feijões, frescos ou secos, com sementes imaturas, comestíveis cozidas. Flores e brotos comestíveis crus ou cozidos. Feijão não seco mas maduro cozido. Feijões secos demolhados e cozidos com troca de água. Folhas e feijões jovens e macios são melhores, sempre fervidos. Raízes cozidas.






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