Papalisa, ulluco. Batatas coloridas. Raizes Andinas.
Vida Saudável

Papalisa, ulluco. Batatas coloridas. Raizes Andinas.


Alien? Animal marinho? Fungo? Não. Papalisa, brotando. 
Uma coisa é certa, conhecemos muito pouco as nossas raízes. E não falo só do nosso passado, mas das nossas raízes, rizomas, cormos, tubérculos, xilopódios. Vindo do norte da américa do sul, a batata, nossa velha conhecida, espalhou-se pelo mundo. Claro, não chega até nós as variedades selvagens, crioulas, coloridas. Dentre muitas outras, nativas aqui da América do Sul, com possibilidade de cultivo no nosso território: achira, mashua, jícama, lerem, mauka, maca, oca, papalisa, algumas nas regiões mais frias, outras nas regiões mais quentes. Já temos no mercado a mandioquinha e a yakom, que também são nativas e às vezes nos esquecemos.

As cores, as cores!
Ganhei há alguns anos umas batatinhas muito bonitas, comum na região andina, chamada de papalisa pelos bolivianos, ou de ulluco, ou de milluko. Já havia lido sobre elas, que são famosas nos circuitos de horticultura da Europa. Como crescem bem também em climas amenos, ficaram famosas por lá, sob o nome (brega?) de earth gems. A colheita é sempre aquela surpresa, porque uma planta produz mais de uma cor de batatatinhas, que vão do branco ao magenta berrante. Aliás, todas as cores são berrantes. Bem mágico para quem está acostumado a colher batatas, carás e inhames pardos ou escuros.

Não que seja propaganda enganosa, mas elas são deveras mais bonitas do que saborosas. O sabor é bem suave e a textura é úmida e crocante, como a de uma batata. O sabor lembra uma batata, mas é algo como o da abobrinha. Não dá pra fritar ou assar devido ao alto teor de água, mas ela cozinha bem em imersão e no vapor e preserva a linda cor da casca (que é comestível) e a textura e o formato. Mas pede tempero, fica bem suave apenas com azeite e sal. Mas que é linda, é.

Começando a germinar, hora de ir para a terra.
O nome científico é Ullucus tuberosos, e adivinha de quem ela é parente? Ao ver as folhas, você logo nota o parentesco com a bertalha. Ambas são parentes, da família Basellaceae. As folhas são comestíveis e tem o mesmo sabor da bertalha. Aliás, as batatinhas também tem o mesmo sabor das batatinhas da bertalha-coração. Então, é fácil substituí-las em sabor e textura em algum preparo. Sem a linda cor, é claro. Se quiser prová-la, na feira boliviana/peruana da Kantuta, em São Paulo, é possível encontrar alguns pratos com ela e raramente, ela à venda. Não se esqueça de perguntar por outros pratos deles, e de provar as salteñas e a pukacapa apimentadíssima.

As variedades silvestres de papalisa são trepadeiras/rasteiras, mas as cultivadas formam arbustos baixos. Gostam de solos arenosos ou areno-argilosos, de preferência soltos, ricos em matéria orgânica, nunca encharcados. Notei que ela gosta de terra fresca, isso é, terra fria. Os vasos que recebiam sol e a terra ficava morna tiveram as batatas apodrecidas em poucos dias. Já os que ficaram protegidos prosperaram, e deram uma boa colheita, embora com batatas menores das que ganhei diretamente dos Andes.  

Um bom truque é plantar dentro de um vaso, e colocar esse vaso dentro de outro com terra. Algo como plantar um vaso dentro de outro maior - isso ajuda a manter o solo sempre fresco. A planta precisa de meia-sombra. Pode ser plantada na terra diretamente, também, mas as batatinhas ficam bem fundas, e o solo deve receber uma boa camada de matéria orgânica.

As folhas, que ainda não se formaram porque brotaram
 na sombra, tem sabor de bertalha
Se você mora em locais quentes, quando ela começar a hibernar no final de setembro, colha as batatas e deixe no refrigerador por alguns meses, até o calorão passar. Aqui em São Paulo eu não precisei fazer isso, mas o verão desse ano foi ameno. Ano passado, que convivemos com 36°C por semanas, elas precisaram ser colhidas e ficaram na geladeira, enroladas em papel toalha dentro de um potinho. Se conservam por mais de seis meses, e voltaram pra terra em maio.



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