Fibro Edema Gelóide "Celulite"
Vida Saudável

Fibro Edema Gelóide "Celulite"



O fibro edema gelóide (FEG) refere-se a uma condição clínica e estética que afeta a maioria das mulheres, sendo erroneamente conhecida por “celulite”.
O termo celulite tem dois significados distintos. Para a população em geral representa a alteração estética, ao passo que para a população científica corresponde a uma infeção bacteriana do tecido celular subcutâneo. Numa tentativa de nomear a alteração estética, o termo “celulite” foi o primeiro a ser utilizado, por volta dos anos 1920. No entanto, já nessa época surgiu controvérsia, pois histopatologicamente não foi observado nenhum infiltrado inflamatório.
Para designar este quadro existem diferentes termos utilizados, Lipodistrofia ginóide, Paniculopatia edemato fibroesclerótica ou Lipodistrofia edematofibroesclerótica, entre outros.
O FEG trata-se de um espessamento não inflamatório da camada subcutânea, resultante de uma desordem localizada, envolvendo alterações estruturais, bioquímicas e metabólicas que afetam a derme, a epiderme e o tecido subcutâneo, atingindo principalmente ancas, coxas e abdômen.  Manifesta-se sob a forma de nódulos ou placas, dando origem ao aspeto “casca de laranja” da pele.
Trata-se de uma afeção benigna que, embora não ponha em risco a vida, nem seja incapacitante, compromete a função do tecido tegumentar, com consequências que afetam a vida afetiva, causando importante desconforto emocional podendo conduzir a diminuição das atividades funcionais ou mesmo a problemas psicossomáticos. Este surge cada vez mais cedo, sendo mais frequente na puberdade, e atinge 85-98% dos indivíduos do sexo feminino, não respeitando mesmo as mulheres magras.
De etiologia multifatorial, na qual diversas causas poderão coexistir, havendo predomínio de umas relativamente às outras, de variabilidade individual. Envolve alterações na circulação, na matriz extracelular e nos adipócitos. Observa-se ainda rotura das fibras elásticas e aumento da proliferação de tecido fibroso, levando a um crescente espessamento da área. O FEG caracteriza-se clinicamente por alterações do relevo cutâneo com sucessivas saliências e depressões, perda da elasticidade, a dor à palpação profunda e presença de nódulos.
São consideradas 3 fases evolutivas do processo:
  1. Instalação de edema intersticial tendo como base três possíveis fatores etiológicos: anormal hiperpolimerização do tecido conjuntivo; alteração microcirculatória; alteração do funcionamento do adipócito.
  2. Exsudação fibrinosa –numa tentativa de proteção do organismo através do “encapsulamento” da patologia  e remodelação da matriz extracelular desencadeia-se uma reação fibrótica.
  3. Esclerose e atrofia –endurecimento dos septos fibrosos, que tracionam verticalmente a pele e rotura das fibras de colágeno e elastina, levando ao aspeto inestético da pele, frequentemente denominado pele “casca de laranja”.
Fatores etiológicos do FEG:
  • Estrogênios;
  • Desequilíbrios hormonais;
  • Gênero (mulheres);
  • Idade (quanto maior a idade);
  • Etnia (mais caucasianas);
  • Patologias (renais, metabólicas, circulatórias);
  • Hábitos alimentares;
  • Obesidade;
  • Estilo de vida sedentário;
  • Emocionais (stress e ansiedade);
  • Vestuário e calçado;
  • Tabagismo;
  • Gravidez;
  • Medicamentos (exp.: contraceptivos orais, anti-histamínicos).
Segundo a classificação mais utilizada, proposta por Nϋrnberger e Mϋller, o FEG pode ser descrito em 3 graus, de forma simplificada. Para esta divisão são consideradas alterações cutâneas macroscópicas e a sensibilidade dolorosa.
  • Grau I (FEG brando): O FEG só é perceptível com a compressão do tecido entre os dedos ou pela contração muscular.
  • Grau II (FEG moderado): as alterações do contorno cutâneo são visíveis espontaneamente, apenas por ação da gravidade em ortostatismo mas desaparecem em decúbito ventral. A compressão pode ser dolorosa e este neste estágio o FEG é quase sempre curável.
  • Grau III (FEG severo): as alterações descritas no grau II estão presentes, acrescentando nódulos, em que a pele assemelha-se a um “saco de nozes”. As depressões e os nódulos são bem evidentes, mesmo em decúbito. A pele encontra-se enrugada e flácida, a sensibilidade à dor está muito aumentada e as fibras de tecido conjuntivo estão quase totalmente danificadas. Nesta fase, o FEG é incurável, apesar de ser passível de melhora.
O FEG também pode ser classificado quanto à tipologia consoante o predomínio dos sinais clínicos como:
  • Flácida ou Mole
  • Infiltrativa
  • Fibrosa
  • Adiposa
  • Mista
Recursos terapêuticos no FEG
  • Plataforma vibratória;
  • Subcision (secção dos septos fibrosos);
  • Mesoterapia com aplicação de enzimas despolimerizantes;
  • Drenagem linfática manual ou mecânica;
  • Ultra-som terapêutico - Manthus;
  • Massagem;
  • Terapias transdérmicas com ativos lipolíticos, drenantes e reestruturantes;
  • Termoterapia;
  • Vacuoterapia - Endermologia;
  • Atividade física;
  • Carboxiterapia;
  • Radiofrequência.
Tendo em conta a origem multifatorial do FEG, este deverá ser tratado com procedimentos variados e complementares, numa perspectiva global, incluindo orientação do indivíduo, relativamente a hábitos de vida saudáveis.



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