Trevo Batateiro. Oca do Peru. Raízes andinas, Parte 2
Vida Saudável

Trevo Batateiro. Oca do Peru. Raízes andinas, Parte 2


Aproveitando a deixa, que falamos das raízes andinas, falemos também da oca peruana. Essa é mais uma das nossas raízes negligenciadas, e que embora não sejam nativas do Brasil, poderiam ser tranquilamente comercializadas por aqui, como as nossas maçãs uruguaias, argentinas e chilenas que encontramos em qualquer mercado. 

Um adendo. Não sei se é impressão minha, mas os povos andinos são os mais coloridos do mundo. Não tive a oportunidade de conhecê-los pessoalmente, mas do pouco que vi nos convívios latinos aqui de SP, eles tem uma relação especial com a diversidade, e não falo só das roupas minuciosamente trabalhadas. Talvez por manterem-se um local extremamente rico e biodiverso, não faltam batatas, ocas, papalisas, milhos, maukas amarantos e abóboras coloridas. E não digo assim, em nuances de cores, mas em contrastes. Cores berrantes, rajadas, listradas, mescladas. A coisa mais linda. Quem já viu um milho crioulo de perto sabe da beleza que me refiro.

Milhos coloridos

Ocas coloridas. Foto da TCPermaculture. 

Batatas nativas. Foto da Cipotato.
E você aí, comendo só batata amarela.
Plantas colorida de quinua.
Desses vegetais, um pouco conhecido por nós e a oca, as batatas de um tipo de trevo, de nome Oxalis tuberosa. A oca que tenho aqui é a mais comum nas feiras latinas aqui de São Paulo, amarela com um ou outro detalhe na cor vermelha. Mas existem nas mais diversas cores, como você pode ter visto nas fotos acima. Diferente da papalisa, esse legume tem sabor ácido e deve ser consumido apenas cozido, porque é rica em oxalato. O sabor lembra batata, cenoura, mas definitivamente mais ácido. Fica gostoso tanto salgado quanto doce, escaldado e assado com uma leve pincelada de mel ou melaço. Para consumir, basta cozinhá-la e saborear como se fossem batatas, fazendo purês, cozidas, salteadas, ensopadas...

Ocas, um tanto amassadinhas,
sobreviventes das cochonilhas.
A forma é essa, delicada, comprida, improvável. Levemente ondulada, com gemas laterais de onde airão novos brotos. Aliás, as batatas maiores podem ser cortadas para darem origem a mais mudas, basta deixar cicatrizar antes.

A planta é linda e delicada. As folhas são semelhantes às do trevo, porém cobertas por uma fina penugem branca. Ela cresce prostrada ao solo, e fica longa, culminando em pequenas flores na ponta da rama. Depois, seca, e está apta a ser colhida.
Plantada agora em maio, já desponta folhas novas. E cresce!
Diferente da oca, ela tolera bem o clima de São Paulo e pode ficar fora da geladeira nos meses mais quentes, lembrando apenas de não encharcar a terra. Aliás, a terra deve ser bem solta, fértil e drenada. Na dúvida, eu colhi antes do calorão, e notei que as que ficaram no solo foram atacadas por cochonilhas, um insetinho que suga as raízes. Se sua cidade é quente demais no verão, colha-a no começo da primavera e plante-a no outono, armazenando no refrigerador em areia levemente úmida nesse período. Quando plantar, escolha locais à meia-sombra. Acho que não se desenvolve bem se sua cidade for quente, como Norte e Nordeste do país.

De qualquer forma, é uma raiz PANC que poderia ser cultivada nas mesmas regiões onde se cultiva a alcachofra e a mandioquinha, por exemplo, porque tem as mesmas necessidades climáticas. Poderíamos sim tê-las por aqui, ao menos no sul e sudeste. O que é uma pena, são totalmente negligenciadas. E, obviamente, valorizadas fora da sua região de origem.

As da última colheita, coloquei à venda na lojinha aqui do blog, e foram vendidas na hora. Havia bastante pessoas na lista de espera e não consegui contemplar todo mundo. Queria mesmo é saber de onde as pessoas conheceram ou ouviram falar dessas batatinhas, tão incomuns. 



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