Qual o verdadeiro chá de hibisco?
Vida Saudável

Qual o verdadeiro chá de hibisco?



Cálices desidratados.
Esses tempos circulou pela internet uma porção de postagens a respeito de propriedades milagrosas do chá de hibisco ou vinagreira. Claro, planta milagrosa nós sabemos que não existe, mas o hibisco é uma planta de vários usos medicinais e também como alimento, em diversos países. Mas esse nome gera confusão. Qual o verdadeiro hibisco do chá, afinal?

Existem duas plantas da qual se faz o chá - a Hibiscus acetosella e a mais comum, Hibiscus sabdariffa. A planta é parente do quiabo e os frutos são como pequenos quiabinhos - mas o que se usa é a parte denominada cálice, externa, enquanto o fruto verdadeiro, que contém as sementes, é em geral descartado. Dessa forma, não é flor nem fruto, é cálice. Ou seja, a parte externa do fruto, que se forma após a floração. O chá, vermelho, ácido e com sabor frutado característico é feito com os cálices dos pequenos frutos que a planta produz, colhidos ainda imaturos e colocados para secar. As folhas são comestíveis, sendo usadas frescas em saladas e sucos, assim como em chás e mesmo em arroz e sopas. As sementes são ricas em proteínas e podem virar farinha, granola e crocante. Ou seja, é uma planta que tudo se aproveita.

A planta é um arbusto perene, de até 4 metros de altura, com folhagem verde ou arroxeada e flores brancas. A espécie mais comum de folhas verdes é a Hibiscus sabdariffa var sabdariffa, da qual é feito o chá com os cálices dos frutos. Há variedades com as folhas escuras e também, com os cálices verdes, chamados de bissap vert no Senegal e utilizados em pratos salgados como acidulante, a exemplo do tamarindo ou limão. Há muitas variedades, algumas com cálices achatados, outros mais alongados, alguns menores, outros mais suculentos. Não se espante ao se deparar com hibiscos muito diferentes entre si. Há a variedade Hibiscus sabdariffa var. altissima, que produz frutos pequenos e de pouco interesse comercial, mas é usado na produção de fibras resistentes do seu caule, da mesma maneira que se usa o cânhamo, por exemplo.

Hibiscus sabdariffa,
variedade de frutos arredondados.

Hibiscus sabdariffa,
variedade de frutos alongados.
Flor do Hibisco. Note que o que se consome
são os cálices dos frutos, e não as flores.
Hibiscus sabdariffa, planta jovem,
 em Parelheiros.
Há ainda uma outra espécie de hibisco, de maior porte, flores roxas e usada como ornamental, o Hibiscus acetosella, famoso pela linda cor roxa de suas folhas - embora ele possa existir com as folhas verdes, como esse que fotografei no bairro da Aclimação, em São Paulo, no jardim de uma rotisserie. Ambos são comestíveis e com usos similares. Os frutos dessa espécie em geral são menores em comparação com o da Hibiscus sabdariffa, mais suculentos.

Hibiscus acetosella em floração. Variedade
da folha verde e frutos claros.


A flor morre e dá origem ao fruto.

Hibiscus acetosella, frutos jovens se formando.
Variedade da folha verde.

Hibiscus acetosella, em floração. Variedade
da folha arroxeada.


Hibiscus acetosella em floração. Variedade
da folha arroxeada, frutos jovens.

O hibisco mais comum em paisagismo, esse das flores coloridas, é comestível, mas não é ácido e tem propriedades nutricionais diferentes das do hibisco comum, assim como é menos estudado enquanto planta medicinal. Na dúvida, não consuma.

Hibisco ornamental. Hibiscus rosa-sinensis.
Não é a espécie usada para fazer chá e bebidas,
embora

seja considerada comestível.

No Senegal, o hibisco ou vinagreira (Hibiscus sabdariffa) faz bebida típica, servido gelado a qualquer hora do dia. No México, é chamado de flor de jamaica e usado para infusões e geleias. Na França, além de bebida, é chamado de roselle e consumido na forma de geleias. No Brasil, chamado de vinagreira e suas folhas entram em receitas como o arroz de cuxá maranhense. Na comunidade japonesa do Brasil, para preservar a tradição de conservas de ameixas ácidas, na falta delas, substitui-se pelos cálices da planta, atendendo por hanaume.

Chá de hibisco e sua linda cor.
O chá é feito colocando-se em infusão as folhas e os cálices do hibisco em água quente, deixando soltar cor e sabor e tomando adoçado, quente ou frio. Eu pessoalmente faço uma chá muito forte, adiciono a mesma quantidade de água em açúcar e cozinho até virar um xarope. Uma groselha natural, corante vermelho saudável e antioxidante, basta diluir em água fria, com ou sem gás. Dá até para pensar em drinks... Eu pessoalmente gosto de seguir a seguinte receita: 3 colheres de sopa de cálices secos, 3 cravos da índia quebrados, uma tira de casca de laranja com 4 cm e um pedaço de 2cm de canela em pedaços. Fervo um litro de água e jogo em cima, e deixo descansar até esfriar. 

Na India e Paquistão há uma bebida à base de rosas com um sabor inconfundível, o qual gostei muito e tentei reproduzir aqui no Brasil. A bebida deles chama-se rooh afza e é muito doce, com corante artificial e pouca acidez. Consegui adaptar uma receita similar utilizando água de rosas, água de flor de laranjeira, framboesas, vagem de baunilha, flores de jasmim e um extrato caseiro de hibiscos. Se fica igual, não fica, mas a cor e o sabor são parecidos, é refrescante e devo dizer, viciante. Quem já foi nas minhas oficinas, está aí o segredo do meu chá de flores.


Usando chá adoçado na mesma técnica que ensinei para o refrigerante fermentado de batata doce, é possível fazer "frisante" ou "cerveja" de hibisco, que depois de fermentado perde o sabor frutado, continua ácido e com sabor "seco" e sutil de cerveja. Basta usar um chá suave adoçado e um fermento, como kefir ou soro de iogurte.

Foto e receita de geléia de hibisco daqui.
Para fazer geleia, há três caminhos possíveis. O primeiro é uma solução para quando se tem apenas os cálices desidratados - fazer um chá bem forte, coar bem e engrossar com polpa de maçã ou pectina, formando algo como uma gelatina consistente e translúcida de coloração intensa. Isso porque a planta desidratada é fibrosa e não produz polpe de geleia boa. Tendo acesso à planta fresca, aí sim pode ser triturada e produzir uma geleia escura, ácida, consistente - lembrando de tirar o fruto verdadeiro, a capsula cheia de sementes, porque ela é muito fibrosa. Por fim, é possível fazer geleia das folhas, processando-as com água e dando origem a uma sobremesa ácida e de sabor peculiar. Vale lembrar que sempre é possível adicionar frutas e aromas, adicionando sabor para essa erva delicada, criando incríveis sabores de hibisco-ameixa, hibisco-morango, hibisco-maracujá, hibisco-rosas, hibisco-maçã. Tenha em mente que a cor vermelha sempre vai predominar, porque os pigmentos do hibisco são intensos e se sobrepõe a qualquer outro ingrediente, assim como seu sabor ácido característico.

Dos usos medicinais, é tido como diurético, antihipertensivo, digestivo e tônico, além de estudos associados ao seu potencial antioxidante. É rica em ferro e vitamina C também, especialmente as folhas.

Para fazer mudas, o hibisco, tanto o da folha roxa quando o da folha vermelha, multiplicam-se por sementes e estacas. Para ter as sementes é preciso aguardar os frutos secarem e abrirem, liberando-as. Frutos imaturos terão sementes imaturas e portanto, que não germinam. É possível comprá-las facilmente pela internet. Por estacas, basta colher um caule da largura de um polegar, de uma rama que não tenha florido ainda, com pelo menos 30cm, e enterrar 5cm, em local definitivo. Ele gosta de ambientes ensolarados, bem drenados e com solos férteis, embora produza em menor quantidade em solos mais pobres e secos.

Como conclusão temos que os hibiscos dos quais se faz o chá são o Hibiscus acetosella, de folhas verdes ou roxas e flores avermelhadas e o Hibiscus sabdariffa, de folhas verdes e flores na cor creme.



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