Passando presentes pra frente
Vida Saudável

Passando presentes pra frente


Segue abaixo um guest post de uma leitora que preferiu não se identificar:

Oi, eu sou uma admiradora do conceito de Minimalismo e vou escrever o que talvez seja uma das coisas mais polêmicas que já escrevi em toda a minha vida, mas eu tenho um problema com ganhar e dar presentes. 

Olha, não é para ofender ninguém. Eu acho linda a ideia de querer agradar. Linda mesmo! Tanto que é que, mesmo tendo problemas com o assunto, eu continuo oferecendo presentes pra muita gente. Mas eu não gosto de duas obrigações que estão ligadas a esse momento. O primeiro é que quando ganhamos o presente temos a obrigação de gostar. É falta de educação recusar um presente, assim como também trocar o presente é mal visto (isso quando é possível, pois muitas vezes não é). A outra obrigação é a obrigação de dar presentes. No natal tem que dar presentes, se o amigo casa, você tem que comprar um presentão, se é aniversário, manda outro presente, se você viajar, tem que levar presentes pro mundo inteiro. É obrigação demais em cima de uma coisa que deveria ser só prazer e gentileza. 

Aí, nessa loucura que virou presentear, além de eu perder boa parte do meu dinheiro quando meus amigos começaram a casar, ainda coloquei em ação uma ideia que não foi das melhores… Comecei a aproveitar presentes ganhados que não teriam utilidade para mim, para passar pra frente. Ou seja, o vestido rosa que ganhei de aniversário de uma amiga que não me conhecia muito bem e não sabia que eu não gostava dessa cor, doei para minha prima, que ficou linda com aquele vestido! No entanto, passei a ter que controlar encontros entre a minha prima e a minha amiga (conhecida!). Se elas se esbarrassem e descobrissem a minha tramóia, teria um problema diplomático. Mesma coisa aconteceu com um porta-retrato moderninho que recebi de um colega de trabalho e repassei para um tio do meu marido em seu aniversário. O porta-retrato não tinha muita função aqui em casa, até cheguei a separar um lugar pra ele, mas realmente não tinha nada a ver. Parecia uma ótima ideia, já que eu não sabia muito bem o que levar para o tio em seu aniversário. Pensei comigo que o colega nunca viria aqui em casa e passei pra frente. Mas o colega veio, e perguntou pelo porta-retrato quando eu já havia me esquecido do caso. E tive que inventar que estamos guardando as coisas novas numa caixa para usarmos depois da reforma (que reforma?). 

Algumas vezes eu até usava o presente e quando achava que já estava bom, passava pra outra pessoa. Mas sempre existia alguma cobrança e algum receio de que a pessoa descobrisse o feito. Era culpa demais pra quem não quer perder tempo nem espaço com coisa inútil. 

Eu entendo que quem dá o presente, quer que ele seja usado. É tão sem lógica investir em algo que não terá serventia nenhuma… por isso que hoje, quando dou um presente pra alguém, sempre faço a ressalva «se você não gostar, ou não servir, pode passar pra frente, eu entendo perfeitamente». Mas nem todo mundo entende e minha vida ficou muito mais complicada depois que achei que tinha tido uma boa ideia para descomplicá-la. 

Infelizmente, não são todas as pessoas que vão assimilar os nossos gostos e as nossas necessidades. Mas eu também preciso ficar mais aberta para ganhar as coisas. Pensei. Se alguém te dá um presente é porque gosta de você. E quer que você se lembre dele ao ver o presente (deve ser por isso que chama presente, né?!). Tudo bem que um vestido rosa não me atrairia em nada. Mas um vestido verde, que é outra cor que não costumo vestir, já me serviu em várias ocasiões inusitadas, e era presente também. Já descobri ótimas músicas ouvindo Cds que havia ganhado (na época em que se usava dar Cds de presente). Agora, se a coisa não serve mesmo, ou não combina em absolutamente nada comigo, o que vou fazer é tentar trocar discretamente, mas sem fazer segredo e se não for possível, esperar um tempo de segurança e depois passar pra frente. Não consegui pensar numa alternativa melhor. Alguém tem alguma sugestão?




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