Livres para dizer sim
Vida Saudável

Livres para dizer sim


Guest post muito gentilmente escrito pela Thais.

Na primeira vez em que ouvi falar sobre minimalismo, eu até quis aproveitar algumas ideias, mas achei que nunca seria capaz de me tornar minimalista. Eu não imaginava que, algum tempo depois, o minimalismo me ajudaria a viver a decisão mais importante que tomei na vida: ser missionária. 

Estou em formação para ser missionária do SERMIG – Fraternidade da Esperança, e logo vou embarcar para a minha primeira experiência na Fraternidade da Itália, onde tudo começou. Estou nessa só há um ano e meio, mas convivo com gigantes que estão nessa há 10, 15, 20 anos... Por isso, me parece até um pouco estranho que justamente eu venha a público falar sobre as coisas em que acreditamos e sobre a minha escolha de vida. 

A Fraternidade da Esperança surgiu na década de 1960, fundada por Ernesto Olivero e nascida do sonho de acabar com a fome no mundo. E como é que se acaba com a fome no mundo? Dando muita comida, e comida boa de verdade. Mas só dar comida não basta. É preciso cuidar das pessoas e conquistá-las para uma vida de partilha. Compartilhar é a base para construir um mundo sem injustiças, sem guerra, sem fome; um mundo de paz. 

É perseguindo esse sonho que, entre ações concretas de solidariedade e de formação, nós fazemos um monte de coisas na Itália, no Brasil , na Jordânia e no mundo todo

Acreditamos que, se todo mundo compartilhasse aquilo que tem (em recursos, em tempo e em habilidades), todos teriam o necessário para viver. Se todo mundo trabalhasse um pouco menos, não faltaria trabalho para ninguém. Para conseguir viver trabalhando um pouco menos, compartilhando e restituindo as próprias capacidades aos outros, é preciso escolher um estilo de vida mais simples. 

Um dia, eu percebi que não podia mais continuar querendo construir a minha vida boa enquanto tantos mal sobrevivem. Percebi também que só ser voluntária e partilhar não me bastava; eu precisava de mais. Eu precisava me sentir livre para estar onde eu fosse necessária. Isso incluía abrir mão da possibilidade de me casar e de construir uma carreira profissional de sucesso. Não foi uma escolha fácil, tomada ao som de trombetas e com borboletas girando ao meu redor. Foi uma decisão difícil, mas que eu sabia que era a coisa certa. E como todo mundo que faz uma escolha de vida diferente da maioria, é claro que volta e meia eu esbarro com uma boa dose de incompreensão pelo caminho. Mesmo com tudo isso, a felicidade que eu encontrei depois de fazer essa escolha... Eu jamais podia imaginar que existisse uma felicidade tão grande. 

Eu tenho a sorte de estar com um grupo que respeitou o meu tempo e me fez dar um passo de cada vez. Aos pouquinhos, eu fui (e ainda continuo) me libertando de cada coisa que me amarrava. O acúmulo de objetos que me roubava tempo para ser organizado. O excesso de cuidados comigo que me roubava dinheiro e oportunidades de estar disponível. A ansiedade por saber tudo, que me dava um conhecimento fragmentado e estanque, que nunca era trazido para a prática. A faculdade que, ainda que desejada, estava sendo cursada na hora errada e do jeito errado. O medo de os outros me julgarem uma incapaz por ter escolhido um estilo de vida alheio ao sucesso. O medo de os outros dizerem pelas minhas costas que eu escolhi esta vida por não ter conseguido me casar. O medo de jogarem o meu passado na minha cara. O medo de me julgarem hipócrita porque cometo muitos erros. A cada novo passo, mais uma amarra se desfaz. 

Está escrito na regra da Fraternidade da Esperança que precisamos nos confrontar constantemente com o “mundo da boa-vontade”, para que a gente possa aprender com a experiência e com a sabedoria dos outros. Entre as pessoas que buscam o minimalismo, e também aqui neste blog, eu encontrei uma parte desse “mundo da boa-vontade”. Afinal, todos que tentam viver de maneira mais simples acabam devolvendo isso de alguma forma para o mundo, seja em recursos, seja em exemplos. Ler sobre as experiências de pessoas minimalistas me ajudou muito na parte prática do meu caminho até aqui (como organizar, como eliminar, como facilitar) e, principalmente, me ajudou a enfrentar as pressões que uma mulher sofre ao escolher estar “de cara lavada” para encarar a sociedade. Por isso, deixo a vocês o meu muito obrigada.



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