Língua de Vaca, Labaça e Azedinha
Vida Saudável

Língua de Vaca, Labaça e Azedinha


Muita de língua de vaca, ou labaça.
A língua de vaca é uma planta que demorei para conseguir identificar, e agora que a conheço parece que a encontro por toda parte. É uma PANC, do tipo hortaliça folhosa, nativa da Europa, porém naturalizada por todo sul e sudeste do Brasil. Aqui em São Paulo ela está por toda parte, especialmente em terrenos mais úmidos. A Horta das Corujas é um exemplo, ela está repleta de língua-de-vaca. Produtores de Parelheiros que visitei também as tem em abundância, assim como na Serra da Cantareira.

Quem me apontou pela primeira vez seu uso foi a Madalena, da Horta das Corujas, sobre quando as consumiam quando morava no interior, escaldada com alho e cortada finamente. De fato, esse uso é muito comum, sendo usada como um substituto mais rústico e abundante para a couve. As folhas podem chegar a mais de 40 centímetros, sendo compridas e de verde intenso, levemente ásperas e com textura "amassada". Vários trabalhos de etnobotânica aqui no Brasil mostram seu uso como hortaliça. 

Há duas espécies muito parecidas. A Rumex crispus possui folhas mais arredondadas, com o pecíolo avermelhado e sabor mais ácido, sendo boa substituta para o ruibarbo. A espécie Rumex obtusifolius possui folhas mais finas, apontadas para cima e nem sempre apresenta pigmento avermelhado. No sabor, são muito parecidas, e em geral nascem lado a lado. Há ainda Rumex pulcher e Rumex conglomeratus, ambas comestíveis e aparentadas. 

Rumex obtusifolius. Note os talos verdes e as folhas
compridas e finas. Saborosa!

Rumex crispus, folhas arredondadas.
Rumex crispus, jovem. Note os talos avermelhados.
Comestível e saborosa.

A sugestão de consumo é para as folhas jovens, menos fibrosas e sem o sabor forte e característico da verdura. Embora seja possível consumi-la crua, o sabor é forte e quando cozida ou refogada, fica mais brando e palatável. Às vezes, tem certo amargor, como a escarola, mas pode ser mais neutra dependendo do solo e do ambiente. Possui compostos fenólicos e antioxidantes, sendo usada algumas vezes na medicina popular e na alimentação de animais domésticos, como galinhas e porcos. 

Preste atenção em áreas antropizadas brejosas e úmidas, porque essa planta gosta de umidade. Ela forma touceiras e tem as flores pequenas, verdes ou avermelhadas, dispostas de maneira similar às da tanchagem, embora muito mais altas e por vezes, ramificadas. Multiplica-se por elas ou por divisão de rizomas, que são profundos e rebrotam abundantemente desde que o solo seja fértil. 

Flores


Flores e sementes
As folhas ficam boas em sopas, refogadas, acrescidas ao arroz, farofas ou usadas em massas de pães e panquecas. O sabor é picante, penetrante e potente, então poucas quantidades já satisfazem. Há poucos estudos a respeito de seu valor nutricional. Acredita-se que, por ser parente irmã da azedinha (sorrel), tenha bons valores de vitamina A, C, magnésio, potássio e cálcio.  

Outra parente, a azedinha

A azedinha, aliás, é a Rumex acetosella, rica em ácido oxálico e de sabor incrivelmente ácido, assim como os trevos. É uma verdura que parece já vir temperada. Poucas folhas picadas na salada dão graça e sabor. Dela podem ser feitas, além de saladas, sucos, cremes, sopas e até geleias. É parecida com a língua-de-vaca, com exceção de que suas folhas são lisas, finas e mais suculentas, e seu porte é menor. Já é encontrada em algumas feiras orgânicas para vender. Aqui em São Paulo é comum na Feira do Parque da Água Branca. 

Para cultivar azedinha, em geral usa-se divisão de touceira, porque ela não produz sementes com facilidade. Como as demais espécies do gênero, gosta de solos férteis, ricos em matéria orgânica e sempre úmidos, com boa umidade do ar. Uma hortaliça sensacional!

Plantação de azedinha, Rumex acetosella.

Muda de azedinha.



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