Estudo sugere relação entre o uso de adoçantes artificiais e a incidência de diabetes
Vida Saudável

Estudo sugere relação entre o uso de adoçantes artificiais e a incidência de diabetes



Os adoçantes artificiais surgiram há mais de um século para adoçar a vida das pessoas que não podiam consumir açúcar, como os diabéticos. No cafézinho, no refrigerante light ou zero, no suco, no doce, no iogurte... Ao longo do dia, é difícil saber o quanto de adoçante foi consumido.
O adoçante é produzido a partir de edulcorantes, substâncias naturais ou artificiais responsáveis pelo sabor doce. Eles possuem um poder de adoçamento muito maior que o açúcar de cana (açúcar comum) e são recomendados para dietas especiais, como as de restrição e de emagrecimento. Embora exista atualmente uma ampla variedade de adoçantes, como o ciclamato, a sucralose, o acessulfame-K, o steviosídeo, entre outros, a sacarina e o aspartame são os mais consumidos.
O diabetes mellitus é uma disfunção metabólica, que ocorre quando há falta de insulina ou quando o organismo não reage adequadamente à ela, caracterizando a resistência à insulina, que provoca um aumento na taxa de glicose no sangue (ou hiperglicemia). A insulina, responsável pelo aproveitamento e metabolização da glicose pelas células do nosso organismo, tem a finalidade de gerar energia. Ela é produzida pelo pâncreas (glândula do nosso sistema digestivo) e sua ausência ou deficiência acarreta modificações importantes no metabolismo das proteínas, gorduras, sais minerais, água corporal e, principalmente, da glicose.

O diabetes tipo 1 (ou diabetes mellitus insulino-dependente) é mais comum em crianças, jovens e adultos até 30 anos, e necessita, geralmente, de insulina para o seu controle. Já o tipo 2 (ou diabetes mellitus não insulino-dependente) é o tipo mais frequente de diabetes, que aparece após os 40 anos, geralmente, em pessoas com sobrepeso. O seu controle pode ser feito através de dieta e exercícios físicos.
O diabetes se manifesta pela sede excessiva, excesso de urina, muita fome, cansaço, lesões de difícil cicatrização, infecções frequentes (pele, urina e genitais), alterações visuais ou emagrecimento. O tratamento pode ser feito por medidas farmacológicas (hipoglicemiantes orais ou insulina) ou não (dieta e prática de exercícios), sendo que os portadores do tipo 1 devem associar ambas as medidas.

No entanto, o uso destes adoçantes tem gerado controvérsias. Um estudo publicado na revista científica britânica "Nature" relaciona o uso de adoçantes com um maior risco de desenvolver diabetes. O trabalho sugere que os adoçantes mudam a composição das bactérias benéficas do intestino, dificultando o modo como o corpo lida com o açúcar proveniente da alimentação, resultando no aumento das taxas de açúcar no sangue. Este dano, chamado intolerância à glicose, pode levar à diabetes.

A pesquisa, inicialmente feita em camundongos, testou três tipos de adoçantes mais consumidos (sacarina, sucralose e aspartame). Alguns receberam um destes adoçantes na água, outros receberam água com açúcar e outros receberam apenas água. Após 11 semanas, os pesquisadores deram a todos uma dose de açúcar e monitoraram a resposta no nível de açúcar no sangue. Os camundongos que inicialmente receberam água com açúcar tiveram quase a mesma resposta que os que receberam água pura. Mas aqueles que receberam um dos adoçantes, tiveram maiores altas nos níveis de açúcar, indicando um prejuízo no processamento da dose de açúcar recebida. Outros experimentos realizados ligaram esse efeito à mudança das bactérias intestinais.

Após a ingestão, parte dos adoçantes artificiais não é digerida no estômago e vai direto para o intestino. Como são consumidos em pequenas quantidades e só parte é digerida, não interferem nos níveis de glicemia e de insulina no sangue e, pelo mesmo motivo, praticamente não apresentam calorias. Mas, o estudo preliminar em camundongos indicou que estes adoçantes artificiais, apesar de não serem digeridos, alteram a composição da flora intestinal, aumentando a quantidade de algumas bactérias.


Essa alteração leva a distúrbios metabólicos, que causam o desenvolvimento de intolerância à glicose (quando o organismo não produz insulina em quantidade suficiente), primeiro estágio do diabetes.
Em humanos, os estudos foram menos detalhados, mas encontrou-se uma relação entre adoçantes e fatores ligados à síndrome metabólica, como sobrepeso, intolerância à glicose e alterações na microbiota.


O Ministério da Saúde indica o uso de adoçantes como parte do tratamento de diabéticos, ou em pessoas que precisam controlar ou que estão com sobrepeso. Nesses e em outros casos, porém, o uso diário excessivo ou sem recomendação pode trazer prejuízos à saúde. Portanto, os diabéticos, tanto do tipo 1 quanto do tipo 2, devem optar pelo uso dos adoçantes artificiais, porque eles têm o seu papel, mas o mínimo possível.



Já para as pessoas que não fazem dietas especiais, este consumo pode ser substituído por açúcares saudáveis, como o mascavo e o demerara, que apresentam mais nutrientes, vitaminas e sais minerais. Em decorrência do seu processamento, estes açúcares são mais escuros e saudáveis. 
A pesquisa divide opiniões. Os autores esclarecem que os resultados não são suficientes para recomendar mudanças na forma como os adoçantes são usados, mas recomendam que estes produtos sejam consumidos apenas pelas pessoas que precisam. Da mesma forma, especialistas acreditam que mais pesquisas sejam necessárias, enquanto que, grupos industriais consideram a pesquisa limitada e que outras evidências mostram que os adoçantes são seguros e úteis para o controle do peso. 
A mensagem que fica é que tudo em excesso faz mal. Portanto, seja qual for o adoçante que consome, uso um pouco menos amanhã. Em alguns dias, corte mais um pouco, assim você estará treinando o seu paladar para consumir menos açúcar.

Jéssica Fernanda Scatolin Russo
Graduanda em Ciências dos Alimentos (ESALQ-USP)
Sob orientação da Profª. Drª. Jocelem Mastrodi Salgado



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