A Filosofia da Alimentação Crudívora
Vida Saudável

A Filosofia da Alimentação Crudívora


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Em Novembro de 2004 estive presente no Congresso Vegetariano Mundial em Florianópolis, grande responsável pela reativação do MisturaViva - criado em 2003.  Nesse Congresso tivemos a presença de alguns Chefs importantes da alimentação viva, entre eles, Aris LaTham que explica claramente, de forma simples e objetiva, a filosofia da alimentação viva e crua.
Abaixo compartilho as palavras - sábias - dele, publicado pelo SVB (Sociedade Vegetariana Brasileira) logo após o congresso.

Saúde!

Um brinde a vida!

Ursula Jahara*
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Palestra de Aris La Tham
36° Congresso Vegetariano Mundial
Florianópolis, Novembro 2004

"Não é o alimento em sua vida,
mas a vida em seu alimento é que nutri...."
por Aris La Tham

(resumo)

Gostaria de agradecer muito pela oportunidade maravilhosa de estar aqui nesta conferência para compartilhar conhecimentos com vocês e crescer juntos. Tem sido uma grande viagem, desde que deixei o Panamá, onde nasci, 57 anos atrás. Saí de lá aos 17 anos e cresci numa tradicional família afro-caribenha. Meus pais eram da Jamaica e de Barbados e foram para o Panamá para a construção do canal. Cresci nesse país latino- americano, fui à escola e educado em língua espanhola. Vivendo na zona do canal, que estava sob o domínio dos EUA, cresci numa área com três culturas, três línguas, três tipos de alimentação, três costumes, tudo ao mesmo tempo.

Vivi lá até os 17 anos e mudei para o Brooklin, em Nova Iorque, onde fiz o ensino médio e fiquei conhecendo a Standard American Diet (dieta americana padrão), também conhecida como S.A.D. diet (dieta triste). Fiquei conhecendo coisas como cachorro quente, hambúrguer, mortadela etc. Tive de me adaptar a esses costumes, mas percebi que minha energia estava decaindo. Quando fui à universidade nos anos 60, durante a época dos movimentos culturais alternativos, a era do Vietnã, a época do movimento back-to-the-land (volta à terra), a geração hippie, o movimento negro (black-power), nessa época, 34 anos atrás, adquiri consciência da minha tradição alimentar e me tornei vegetariano.

Tornar-se vegetariano dentro do campus universitário foi muito motivador para o meu intelecto. Foi uma decisão analítica, uma decisão muito inspiradora e revolucionária. Seis anos depois disso, passei a consumir apenas comidas cruas, ou comidas vivas, que agora defino como “alimentos preparados pelo sol”. O conceito, o princípio por trás dos “alimentos preparados pelo sol” é que o processo de crescimento das comidas é o processo de cozimento. Então, o período de tempo que uma planta leva para florescer, atingir a maturidade e amadurecer é o processo de cozimento. O alimento está pronto, perfeitamente cozido da maneira mais metódica e científica possível. O chef é o sol. O calor do sol cozinha a comida durante o processo de crescimento.

Muitos de nós, seres humanos, acreditamos que podemos melhorar o trabalho de Deus, o trabalho da Mãe Natureza. Pegamos a planta já madura e a fritamos, cozinhamos, assamos, etc. Isso é um insulto ao Criador, é como dizer a ele “Você não completou seu trabalho, as plantas não estão prontas e eu vou completá-las”. Fazendo isso você está matando os vegetais, matando os alimentos, você está destruindo a energia vital das comidas.

Plantas, plantas que servem de alimentos, animais e seres humanos, todos funcionamos num nível enzímico. Nossa força vital depende da atividade enzímica dentro de nosso sistema. Enzimas são catalisadoras, engenheiras sensíveis ao calor. Quando você expõe qualquer organismo vivo a temperaturas acima da maior temperatura no planeta, que é de 57° celsius registrada no Vale da Morte na Califórnia, que é chamado assim porque não há vida lá, você mata suas enzimas, você mata a vida, você destrói a ética daquela vida, daquele alimento, daquele animal e dessa forma a comida não consegue promover ou manter a vida em um nível otimizado. Isso ocorre porque, nesse processo, as enzimas digestivas necessárias para facilitar a digestão são destruídas.

Comidas proteicas como nozes, sementes, abacate e coco têm propriedades digestivas capazes de auxiliar na absorção de proteínas e de gorduras, mas se você mata suas enzimas, elas perdem essas propriedades e não conseguem mais participar do processo digestivo. Assim, internamente, nosso corpo vai precisar produzir as enzimas digestivas necessárias para digerir os alimentos. Mas a produção dessas enzimas digestivas é o maior trabalho que você pode requisitar ao seu corpo, é uma tarefa monumental. O corpo é forçado a produzir uma quantidade extra de enzimas durante a vida inteira, sejam elas enzimas digestivas ou enzimas metabólicas, para executar todas as nossas tarefas vitais. Nossos órgãos, os rins, os pulmões, o coração, todos eles produzem enzimas específicas constantemente para nos manter vivos.

Quando o corpo é desafiado a produzir essa quantidade excessiva de enzimas digestivas, a sua produção de enzimas metabólicas diminui, principalmente quando comemos aqueles pratos enormes de comida cozida em eventos como esse, em casa ou em qualquer lugar. Não importa se comemos proteínas animais ou vegetais, não importa se comemos tofu, frango ou peixe. Se cozinhamos esses alimentos, suas enzimas digestivas são mortas e o corpo vai ter de compensar essa perda, produzindo uma quantidade apropriada de enzimas digestivas para digerir estes alimentos.

Por isso é comum ter sono logo após de comer pratos enormes nas refeições ou de se alimentar de comidas pesadas que foram cozidas. Seu corpo vai trabalhar de um modo intensivo para produzir as enzimas digestivas e vai diminuir a produção das enzimas metabólicas. O coração, os pulmões, os rins dizem:

— Me dá um tempo. Você bateu um pratão de arroz integral, de tofu e de outras comidas cozidas e agora você está produzindo enzimas digestivas para processar toda essa comida, mas não está mais produzindo uma quantidade adequada de enzimas metabólicas para que eu possa fazer meu trabalho. Por isso eu vou ter que descansar um pouco. Me dá um tempo, assim você vai poder produzir toda essa quantidade de enzimas digestivas.

E é assim durante toda a nossa vida, por anos e anos. Mas o que é isso que estamos fazendo? Estamos torturando nossa reserva de enzimas. Estamos produzimos muita enzima num ritmo forte e a conseqüência é que comprometemos todo o nosso banco de enzimas, levando-o à falência. Daí alguém vai dizer “seu sistema imunológico está comprometido”. E agora seu corpo não tem mais a capacidade de se defender, pois a perdeu processando comida de uma forma para a qual não foi projetado.

Os seres humanos estão neste planeta há pelo menos um milhão de anos e faz apenas 100 mil anos que usamos o fogo. Portanto, por 900 mil anos os seres humanos não comeram alimentos cozidos. Com esse dado histórico, sabemos por fato e pela natureza que não somos seres de comida cozida. Faz 100 mil anos que tentamos nos adaptar aos alimentos cozidos e vemos os resultados: os hospitais, as doenças, as guerras e o stress porque não podemos adaptar de modo consistente o sistema digestivo humano à uma dieta de alimentos cozidos. É hora de abandonar o experimento e voltar à vida. E você não volta à vida a partir da morte. A morte não pode produzir a vida.

Quando comemos esses alimentos que estão mortos, que estão desvitalizados, estamos na verdade matando a nós mesmos. O processo de morte começa no nascimento, quando não amamentamos os bebês pequenos. Os bebês precisam ser alimentados com leite materno, eles não têm um sistema digestivo até os dois anos! Leva dois anos para um lactente desenvolver um sistema digestivo, então por dois anos ele tem que ser amamentado! A mãe precisa nutri-lo, dar ao bebê uma transfusão de sangue através do leite materno. Se esse bebê for alimentado com comida que não consegue digerir, especialmente a cozida, a comida vai se assentar em seu sistema, vai fermentar, apodrecer, vai se decompor, e então haverá muco, narizes escorrendo e todas as doenças infantis. Essa é uma crise alimentar. Então, o que começamos a fazer? Começamos a treinar os bebês, a treinar nossos corpos para tolerar alimentos mortos. Começamos a nos treinar para desenvolver células que acumulem nossos dejetos.

Quando essas crianças crescem, na puberdade, vemos o que acontece com os jovens. Vemos as espinhas e todos os desafios pelos quais eles têm de passar. Vemos as meninas que começam a menstruar e produzir óvulos que, se não são fertilizados, têm de ser eliminados por volta de 14 dias após a ovulação. Constatamos que esse ciclo menstrual e que o próprio sistema reprodutivo têm funcionado como um canal auxiliar para eliminar toxinas. Então, a cada ciclo menstrual, as mulheres estão eliminando não só o óvulo não fertilizado, mas também uma série de toxinas acumuladas nos últimos 28 dias. Dependendo dos tipos de alimentos que você come, há uma reação diferente. Por exemplo, muita gordura causa cólica. Muitos produtos de origem animal na dieta aumentam o tempo de sangramento. São fatos que precisamos levar em conta.

Quando as jovens têm a sua primeira gravidez, elas param de ovular e de menstruar e param também de eliminar toxinas a cada 28 dias. Então, no primeiro ou no segundo mês de gravidez as mulheres enjoam e vomitam, geralmente pela manhã. À noite, enquanto dormimos, jejuamos e o corpo libera toxinas. Essas toxinas precisam ser eliminadas quando acordamos. Por isso a mulher grávida vomita. Seu corpo, nos primeiros meses de gravidez, está tentando encontrar uma nova forma de eliminar toxinas, já que a menstruação está suspensa. Nos meses seguintes o corpo estoca essas toxinas e a mulher engorda 13, 18, 22 quilos de puro lixo. Se o bebê tem 3 quilos, os outros 10, 15, 19 quilos são lixo.

Na hora do parto, as células estão trancadas, cheias de gordura e a mulher vai ter de abri-las num trabalho de parto doloroso. Mas, se ela se alimenta de comidas que não acumulam essa quantidade de toxinas, o parto é suave e tranqüilo.

Fonte: SVB.org.br



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